MANAUS (AM) – O advogado Francisco Charles Garcia Júnior enfrenta novas acusações de assédio sexual. As denúncias surgiram nesta semana e se somam ao boletim de ocorrência registrado por Marcella Nascimento Pinto, ex-recepcionista do escritório Coimbra Garcia, localizado no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul de Manaus.
Nova vítima relata episódio constrangedor A advogada Adriane Magalhães, que representa Marcella, divulgou o depoimento de uma ex-recepcionista que também alega ter sido assediada por Charles. A mulher, que preferiu não se identificar, afirmou que sofreu o abuso quando tinha apenas 19 anos. Na época, foi contratada pela esposa do advogado, que também é sócia do escritório.
Segundo o relato, Charles aproveitava os momentos em que a esposa não estava presente para chamá-la à sua sala. Ele alegava precisar de ajuda para arrumar o ambiente, mas, em seguida, começava a fazer comentários de cunho sexual. Em um desses episódios, a jovem ouviu sons de gemidos no notebook do advogado. Quando entrou na sala, viu Charles com o órgão genital exposto. Assustada, saiu imediatamente e pediu demissão no mesmo dia. No entanto, não revelou o motivo à esposa dele.
Jovem diz que foi levada a motel durante suposta consulta Além desse caso, uma segunda mulher relatou que também foi vítima de Charles. Ela conheceu o advogado pelas redes sociais, há cerca de quatro anos, enquanto buscava ajuda jurídica para um problema familiar. Na ocasião, ele se ofereceu para ajudá-la, demonstrando interesse profissional.
Com o passar do tempo, no entanto, Charles passou a mandar mensagens frequentes e pessoais. Posteriormente, convidou a jovem para ir ao escritório, afirmando que poderia ajudá-la. Durante o trajeto, desviou o caminho e alegou que precisava tomar banho antes de um compromisso. Em vez de seguir para o trabalho, ele dirigiu até um motel.
A vítima contou que ficou em choque, mas tentou manter a calma. Charles insistiu para que ela subisse ao quarto e, após o banho, tentou forçá-la a praticar sexo oral. Ela recusou várias vezes. Segundo seu relato, o advogado mencionou que sua esposa gostava quando ele mantinha relações com outras mulheres. Mesmo sob pressão, a jovem conseguiu escapar do local, usando o celular para chamar um carro por aplicativo. Por medo, ela não denunciou o caso na época.
Primeira denúncia formal detalha ameaça e violência A primeira denúncia formal contra o advogado foi feita por Marcella. Ela afirma que foi entregar um suco quando Charles a puxou à força para dentro da sala. Ele estava nu e com o rosto coberto por um pó branco. Conforme o boletim de ocorrência, ele trancou a porta automaticamente e a obrigou a praticar sexo oral. Após o ato, ele teria dito: “Lava o rosto, engole o choro, só vai descer quando passar.”
Além disso, Marcella relatou que Charles mantinha duas armas sobre a mesa e instalava câmeras para monitorar os funcionários. Ela afirmou que o advogado fazia constantes ameaças e dizia ter influência entre juízes e delegados, o que a deixava aterrorizada. Consequentemente, ela passou a temer pela própria vida.
Defesa nega acusações e fala em tentativa de extorsão No dia 16 de abril, Charles Garcia publicou uma nota pública negando todas as acusações. Ele declarou que está sendo vítima de extorsão. Conforme sua versão, a advogada Adriane Magalhães teria exigido R$ 500 mil para evitar a divulgação das denúncias. Além disso, ele afirmou que a advogada usava o caso como parte de uma estratégia para promover sua candidatura ao cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça do Amazonas.
Segundo Charles, ele entregou à polícia gravações que comprovariam a tentativa de chantagem. Entretanto, até o momento, ele não respondeu às novas acusações feitas nesta semana nem apresentou pronunciamento oficial sobre os novos relatos.