Em cinco anos, o salário médio no PIM, passou de R$ 2.709,61, em 2018, para R$ 3.317,00, em 2023, com crescimento de 22,41%. Inflação foi de 27,79% no período
De 2018 a 2023, a evolução da média salarial no Polo Industrial de Manaus (PIM) não acompanhou a inflação e a maioria dos trabalhadores teve perdas no poder de compra. É o que apontam os últimos Indicadores de Desempenho Industriais 2018-2023, publicado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), no último dia 10 de a abril.
Esses dados vem sendo debatidos pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas, Valdemir Santana, pelo mesmo período em que as empresas iniciaram o processo de redução salarial no Polo Industrial de Manaus (PIM), erroneamente com base na Lei 13429/2017, das Terceirizações.
De acordo com os números da Suframa, em cinco anos, o salário médio no PIM passou de R$ 2.709,61, em 2018, para R$ 3.317,00, em 2023, com crescimento de 22,41%. No mesmo período, a inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 27,79% (27,791380, de acordo com a Calculadora do Banco Central do Brasil (BCB), considerando o período de dezembro de 2018 a janeiro de 2023. Se corrigido pelo IPCA, o salário médio estaria em R$ 3.462,65, ou R$ 145,65 mais do que o atualmente registrado.
Pelos cálculos do BCB, o índice de correção na média salarial no período seria de 1,27791380. Os dados da Suframa não incluem a mão-de-obra terceirizada e temporária. Em dólar, o valor médio dos salários no PIM caiu de US$ 741,69, em 2018, para US$ 650,48, em 2023.
Mínimo Os dados de mão-obra da Suframa apontam que 56,85% dos trabalhadores do PIM, em janeiro de 2023, recebiam até 2 salários mínimos (R$ 2.604) por mês: 52.689 dos 92.675 diretamente contratados pelas empresas. Cerca de 28% recebiam de 2 e 4 salários. E 7,58% de 4 a 6 salários mínimos.
Variação do valor do salário médio no PIM, desde 2018, de acordo com a Calculadora do Banco Central.
Entre 2018 e 2022, o faturamento do PIM cresceu 85,18%, em reais. Saiu de R$ 94.219.692.134 para R$ 174.484.132.024. Em dólares, cresceu 38,59%. De US$ 15.664.609.473, em 2018, para US$ 21.710.342.793, em 2022.
De acordo com a Suframa, a mão de obra do PIM registrou, em janeiro, 106.710 trabalhadores empregados, entre efetivos, terceirizados e temporários.
Os custos das indústrias com salários e encargos e benefícios passou da média de R$ 6.491,34 por empregado direto em 2018, para R$ 7.000,80, em 2023. A variação, no período, foi de 7,85% O total dos salários e encargos e benefícios subiu de R$ 510.239.000,00 em 2018 para R$ 648.799.500 em 2023 (27.15%).
Sindicato dos Metalúrgicos
De acordo com o presidente dos Metalúrgicos, Valdemir Santana, as empresas dobraram o faturamento nos últimos sete anos e, ao mesmo tempo, reduziram os salários dos trabalhadores.
Um dos fatores foi por má interpretação da Lei das Terceirizações. Hoje o Distrito Industrial tem em torno de 20% a 25% de mão de obra terceirizada e, ou temporária, recebendo o salário mínimo.
Por falta de fiscalização, empresas como a Samsung da Amazônia, que gastava 2% com sua folha de pagamento, hoje não atinge 0,5% do faturamento anual. A Moto Honda, que destinava 4,5% aos salários, hoje gasta apenas 1,3% do seu faturamento. A multinacional P&G, está com 70% dos seus trabalhadores ganhando salário mínimo. Como exemplo, o metalúrgico cita que dos 8 mil trabalhadores da Moto Honda, 3 mil recebem salário mínimo, irregularmente.
O Sindicato vem lutando muito para fazer com que haja fiscalização no setor industrial do Estado, sem sucesso. “Infelizmente o governo do Amazonas, a Suframa e o Ministério Público não fiscalizam. Na atividade fabril, os salários tem que ser iguais e, de acordo com a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)”, acentua Valdemir Santana.